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quarta-feira, 20 de junho de 2012

JORNALISMO EM CABO VERDE

Editorial

Falar do jornalismo cabo-verdiano é falar do nosso primeiro passo numa longa caminhada que ainda temos a percorrer.
Temos uma televisão estatal, muito contestada por quase todos os sectores da sociedade; temos televisões privadas que não trouxeram nada de novo ao panorama nacional - são mais canais de entretenimento do que estações que se dedicam a um jornalismo sério e credível.
Temos jornais impressos que são conotados com partidos políticos, ou seja, quando queremos ver falar mal de um partido, compramos um jornal, e se queremos ver as notícias más sobre o partido B, compramos o jornal C.
A nível radiofónico, o País está melhor servido, tanto a nível da diversidade, como quanto ao alcance que as radios atingem. Os jornais on line são o mesmo dos impressos, a nível de conteúdo, práticamente é a copia do jornal impresso na tela de um computador; e temos ainda os blogs, onde podemos encontrar opiniões de cidadãos comuns sobre a actualidade.

A política é uma outra pedra no sapato do jornalismo cabo-verdiano, os órgãos estão todos politizados, nunca nenhum evento é simplesmente divulgado, há sempre uma reconstrução com a selecção das entrevistas, dos discursos e personagens, na maioria das vezes são os políticos, principalmente nas estações televisivas. Talvez se tivessemos jornalistas bem pagos terias menos politização no jornalismo cabo-verdiano, pois não teriam necessidades de aceitar dinheiro ou outras coisas dos partidos políticos.
 Os jornalístas em cabo verde vejam -se como rivais e não como colegas de trabalho, que lutam pela mesma causa: melhores condições de trabalho, melhor salário e um estatuto na nossa sociedade.

  Não se fomenta um jornalismo investigativo, não se aprofundam os temas, que ficam pelo tratamento circunstancial de uma breve notícia. E não se aposta na continuidade ou no seguimento das histórias.

Em Cabo Verde, como noutras paragens, é cada vez mais comum, os meios de comunicação serem propriedade de grupos económicos limitados.
Esta concentração da propriedade dos meios comunicação social num reduzido número de grupos económicos, pode ameaçar o poder de intervenção no espaço público e manter nas mãos de um clube restrito a capacidade de recolher, tratar e difundir a informação. Outra consequência dessa concentração é a maximização do lucro, emagrecendo as redacções com políticas de baixos salários e uma situação precária dos jornalistas, o que aumenta os riscos de prevaricação entre jornalismo e política.

É caso para concluirmos que o jornalismo cabo-verdiano ainda está longe de ser um motor de transformação social no nosso país. 

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